Postagens

Carta a Um Amigo: Pessimismo, Otimismo e Realismo

Imagem
Oi Luis.  Então agora eu vi o vídeo. Acho que ja tinha visto... minha humilde observação: 1.O pessimismo é uma escola filosófica grega atribuída a Anaximandro - o pessimismo ñ é filosoficamente "vagabundagem", pelo contrário, ser pessimista pode ser uma forma de contestação a demonstrar o que é irracional injusto egoísta etc; da mesma forma um otimista pode fazer um discurso que vela omite distorce as coisas erradas e injustas; 2. Sempre fico pensando que mesmo no senso comum um indivíduo pode ser realista otimista ou realista pessimista, porque "realismo" também é na filosofia uma escola como em Aristóteles ou Hannah Arendt - o realista é aquele que acredita que existem fatos e fenômenos reais e que podem ser incontestavelmente explicados; geralmente os materialistas são mais realistas; por outro lado podemos usar otimismo e pessimismo como adjetivo. O problema do realismo como escola filosófica e sociológica é que acredita que existem coisa

A Resiliência Perversa do Capital em Tempos de Pandemia

Imagem
É triste quando vemos que não conseguimos ainda fazer um processo de formação política, consciência crítica do quadro social e que ainda estamos pautados pelo senso comum. Os direitos trabalhistas já acabaram e boa parte dos trabalhadores está batendo palma para esta morte anunciada, de si próprios. Não é possível refletirmos sobre o nosso mundo hoje se nós não entendermos o que acontece mundialmente com a sociedade em que vivemos, que é a sociedade capitalista. Cada vez mais fica explícito que o problema é o capitalismo e no entanto, a análise social, a análise das pessoas ou o que tange a essa visão de mundo tem sido a mais perdida e afastada desse que é o problema central. Vivemos o "problema do capitalismo" e infelizmente para a massa trabalhadora não é tão inteligível que a questão é estrutural. As pessoas sabem o que é emprego, desemprego, fim do 13º, fim da justiça do trabalho etc. Não sabem dizer no entanto se o capitalismo vai bem ou vai mal.

Objetivismo e Subjetivismo Jurídico na Pós-Modernidade

Imagem
A argumentação objetivista de que a segurança jurídica está garantida pelo aparelho estatal e pelo ordenamento jurídico é inverossímil. A consequente refutação de que o subjetivismo condiciona a vida social a um relativismo permissivo e pernicioso é igualmente ilógico e desprovido de razão. Não são necessários estudos consideráveis para se constatar tal fato, basta atentarmos para a violência e o medo com que as pessoas vivem em sociedade. Falta de poder estatal e estabelecimento normativo não é. Por outro lado é preciso considerar que o Estado e o Direito modernos são instituições humanas criadas e recriadas em séculos não muito longínquos, principalmente se tais fenômenos forem considerados em relação aos milhares de anos de existência da espécie humana. Os primeiros hominídeos surgiram na terra há aproximadamente cinco milhões de anos; o homo sapiens tem aproximadamente 200 mil anos. O código de Hamurabi foi elaborado por volta de 1700 a.C., portanto tem pouco mais de 3 700 ano

As Veias de David (Meia Entrada)

Imagem
Agora essa idiotice de artistas e cantores sertanejos, que dizem que têm prejuízo!?, do lado do fascismo defenderem o fim da meia entrada. É tão absurdo que esquecem que a meia entrada não atende apenas demandas dos estudantes, mas de aposentados, idosos, deficientes, doentes e jovens de baixa renda, professores, coordenadores e diretores de escolas da rede pública (Existe Lei Federal 12933/13; Lei Estadual 15298/14). Acontece que a Educação e a Cultura não são propriedade de pessoas particulares, grupos os privilegiados. A Educação e Cultura são construções históricas coletivas cujos conhecimentos e experiências são passadas à frente geração após geração. Educação e Cultura são patrimônio universal da humanidade! Sua apropriação privada e sua comercialização são a maior perversidade e expropriação imposta à humanidade e, neste sentido, quanto mais a ciência e conhecimento humano se desenvolvem maior a desumanidade e hedionda, nonsense, a sua apropriação  e exploração privada. A Ed

LIVRO SOCIOLOGIA JURÍDICA 7a. ED

Imagem
LIVRO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA 7A. ED.  CONHEÇA MINHAS OBRAS NA GEN/FORENSE

Reflexões sobre Machismo

Imagem
A teoria defende que o machismo é consequência da especialização da divisão social do trabalho no tempo do desenvolvimento do capitalismo. Isto quer dizer que só se pode conceituar "machismo"  nas sociedades ocidentais a partir do desenvolvimento do modo de produção de mercadorias e por vias de uma certa necessidade de inserir a mulher na produção industrial e reprodução ampliada do sistema de acumulação de capital - o homem na fábrica, a mulher nos serviços de casa (depois da mesma e das crianças já terem sido exploradas na fábrica). A esta inserção da mulher no sistema de livre mercado, Roswitha Scholz ( http://www.obeco-online.org/roswitha_scholz17.htm ) denominou de "dissociação-valor", e é uma das principais teses científicas sobre a essência do machismo e do feminismo. Mas o que nos diz a história sobre isso? Nas sociedades mais antigas, as com alguma organização de poder a força para dominar os indivíduos, provinha de dois lugares, juntos ou separadam

Sobre a Guerra

Imagem
Sobre os conflitos armados os países procuram historicamente celebrar acordos não beligerantes a partir da relação de princípios ainda baseados na ideia de Kant de paz universal. Esta ideia tem por trás, em Kant, a teoria dos imperativos - pelo imperativo categórico é admitido um espírito humano ético que se desvirtua por falta de conhecimento e excesso de apelo ao sucesso material (aqui, o imperativo hipotético seria algo parecido com a ideia da prosperidade (cf. Foucault, O que são as luzes?)). Pois bem, dado ao espírito conhecimento a razão logo fará a ética, e não a propriedade das coisas, que leva ao egoísmo, prevalecer. O que vale para os espíritos individuais vale, para Kant, para os espíritos coletivos - isto é, as sociedades civis ou Estados. Pelo que se vê, nada disto acontece, apesar dos discursos dos governos dos países e dos compromissos assumidos bilateral, multilateralmente ou na ONU. Aqui vale a pena pensar sobre Max Weber. Segundo este autor, uma lei só é de fato a

Racismo Algorítmico?

Imagem
Na última edição de dezembro/2019, a Revista E, publicação mensal do SESC, São Paulo, apresenta dois artigos a propósito da pauta “Existe neutralidade nas redes?”. Eu vou comentar diretamente o artigo “As tecnologias não são neutras” (p. 44) [1] . Mas o que pretendo comentar diz respeito igualmente ao artigo primeiro, pelo menos quanto à premissa inicial, que existe um “racismo algorítmico” das Inteligências Artificiais (IA) que estão por trás do compartilhamento de nossas redes de relacionamento digitais (“virtuais”) contemporâneas. O referido artigo começa elencando o nome de vários fundadores famosos que obtiveram sucesso com suas invenções, afirmando que o que eles têm em comum, é o fato “da grande maioria – senão todos – serem brancos, heterossexuais e do hemisfério norte” (sic). E a partir daqui todo o texto reflete esta premissa fundante: os inventores das modernas redes de comunicação social fizeram algoritmos de acordo com sua própria visão racial, de gênero, social, pol

Precarização do Trabalho Parte 3: Ócio estético valioso (LEIA TAMBÉM EM FORENSE/GEN)

Imagem
A produção material, onde se insere todo o trabalho econômico, em todas as épocas, entra em processo de transformação inevitável quando as forças produtivas, como as máquinas, os autômatos e as ciências da natureza e de comunicação, exigem em sua produtividade novas relações entre os fazedores (igualmente entre si) e os gestores, entre eles e os donos do capital. Estas novas relações e dinâmicas entre trabalhadores, planejadores e possuidores acabam por exigir às demais formas culturais e ideológicas outros arranjos e tomadas de poder de comando disputadas como novos espaços a serem tomados nos circuitos do movimento social total. As análises derivacionistas [1] parecem insuficientes por vezes, se quedam tendencialmente diante do que julgam ser a impossibilidade de transformação dos sistemas de livre mercado, tanto do ponto de vista da dialética social como do ponto de vista da dinâmica da economia, em si mesma submetida às leis de mercado, que revolucionam junto todas as dema

Precarização do Trabalho Parte 2: Trabalho emancipado (LEIA TAMBÉM EM FORENSE/GEN)

Imagem
Quanto mais o capital se dirige para o desenvolvimento e emprego das maquinarias e ciências naturais aplicadas, bem como as de gestão, mais a superprodução se agiganta, com maior dispensa de trabalho assalariado, trabalho vivo (capital circulante). Daí maior o tempo de trabalho disponível concentrado de volta nas mãos da população excedente de trabalhadores colocados no “não trabalho”, sem que exista mais as mesmas possibilidades de lhes extrair a riqueza social na apropriação do mais valor, a contragosto, claro. Um ou outro ou mesmo um pequeno grupo de investidores produtivos poderiam suspender suas atividades na velocidade e no quantum de produtos a serem entregues ao mercado. Isto implicaria, por um tempo apenas, a diminuição da superprodução e uma retração de reinvestimento em maquinaria e automação etc. Mas o que fazem os concorrentes neste momento, aqueles que estão desejosos de monopolizar o mercado ou o modernizar com novos produtos e serviços? A concorrência os impele

Filosofia do Direito