Sobre a Guerra

Sobre os conflitos armados os países procuram historicamente celebrar acordos não beligerantes a partir da relação de princípios ainda baseados na ideia de Kant de paz universal. Esta ideia tem por trás, em Kant, a teoria dos imperativos - pelo imperativo categórico é admitido um espírito humano ético que se desvirtua por falta de conhecimento e excesso de apelo ao sucesso material (aqui, o imperativo hipotético seria algo parecido com a ideia da prosperidade (cf. Foucault, O que são as luzes?)). Pois bem, dado ao espírito conhecimento a razão logo fará a ética, e não a propriedade das coisas, que leva ao egoísmo, prevalecer. O que vale para os espíritos individuais vale, para Kant, para os espíritos coletivos - isto é, as sociedades civis ou Estados. Pelo que se vê, nada disto acontece, apesar dos discursos dos governos dos países e dos compromissos assumidos bilateral, multilateralmente ou na ONU.
Aqui vale a pena pensar sobre Max Weber. Segundo este autor, uma lei só é de fato aceite por um cidadão se ele ver nela, ou em uma norma qualquer, um interesse pessoal presente ou futuro. Weber chega assim à conclusão que na modernidade a probabilidade de uma lei ou acordo ser objetivamente cumprido depende de uma racionalidade de interesses - uma negociação revela apenas os interesses em uma análise conjuntural possível em um momento. No momento seguinte pode mudar tudo - Hitler rasgava acordos e Trump faz o mesmo.
De formas que entre Kant e Weber sabemos o que prevalece no mundo em termos de paz... Detalhe: Weber chamou de tipo ideal esta forma de ação racional, voltada para interesses, nada voltada para valores.

https://profsacadura.blogspot.com

Comentários

  1. Que beleza a lucidez que a filosofia oferta. Obrigada pela análise generosa.

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  2. Sempre pensei isso. Os grandes compram a briga e colocam os pequenos,os indefesos na linha de frente. Covardia!

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Filosofia do Direito

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