E Depois? (Maioridade Penal)
Lars von Trier é um cineasta dinamarquês
(Dogville, Manderley, Anticristo) que só é incompreendido por falso puritanismo
medieval. Na verdade acho que ele é muito simples de entender e acessível a
qualquer indivíduo que saiba minimamente o que é o ser humano e sobre o quê a
humanidade se fundou e permanece fundada: A Violência! O mal estar de Trier é
demasiado humano e apenas faz cócegas nos que o repulsam. O mal estar verdadeiro
só pode vir da pureza e altivez que os sábios possuem: aceitar a fraqueza, o
sem sentido, a força irracional, o maior bandido e o máximo purgatório que
existem dentro de nós, humanos, ou em outras palavras, a dor e o sofrimento
como um mal estar que só advém de nossas forças psíquicas quando se debatem na
civilização e encontra paz (alguma?!) quando está na floresta de Éden. No filme
Anticristo o cenário é uma floresta chamada Éden e a protagonista diz a seu
marido psicanalista "Freud está morto no mundo contemporâneo". Neste
caso a repulsa é desumana. E depois?
Agora isto, de
novo, novamente, nada novo, mente nada. A cada assassinato crescem os Caçadores
de Bruxas, os Bispos da Santíssima Inquisição, os Corsários e Bucaneiros de catanas
entre os dentes, de novo os Caçadores de Recompensas, mais os de escravos e
índios fugidios, os Idolatras, os Mais Nacionalistas, os Cristãos, os Eruditos,
os Representantes do povo, os Mais humanos frente aos desumanos, os Eleitos, os
Escolhidos frente aos que não estão nas Legiões de Boa Vontade, todos estes outros
os selvagens que não deixam a civilização do bem reconstruir o Éden.
Penas, punição severa, leis mais duras,
talião, talião, garrote, empalar, tortura chinesa de escalpelamento, o
esticador, desmembra, desmembra, corta os nervos reticentes, eles não entendem
as leis, esses músculos e ossos resistentes não conhecem a moral da humanidade,
corta, corta, o embalsamento vivo dos egípcios, escrevamos a pena na sua carne
viva, gritam as massas civilizadas que não compreendem a luxúria das bruxas e
bestas de Trier. Perpétua, Morte, Minoridade Penal. E depois?
Ah!, a permissiva constituição a
atrapalhar de novo: art. 228. E depois?
Os que têm deus rezam, afinal as igrejas
sempre ficam mais cheias quando o demônio e o caos está entre nós!; os que não
querem usar o nome do senhor em vão fazem amor!
Obs.: as minúsculas são licenciosidade poética
do autor; algumas maiúsculas idem.
Comentários
Postar um comentário
Agradecido pela participação. Verifique se seu comentário foi publicado.