Todas as estéticas são possíveis , mas não qualquer uma! - Parte II


Boas razões para escolher. A falta de ética se deve muito à incompreensão da realidade: contudo, o conhecimento não substitui a escolha, apenas retira a ignorância dela, quer dizer, aumenta a responsabilidade. Assim, Platão, se desculpava a ignorância, desejava que ela ficasse longe das decisões sérias dos cidadãos. Pelas mesmas razões Aristóteles, se afirmava que a Justiça e a Liberdade dependiam da educação, sabia que só esta não bastava: o pior inimigo é o cidadão que usa o conhecimento apenas para benefício próprio. Escolher é para poucos corajosos: uma escolha é uma intromissão em um vetor que configura de alguma forma a resistência à banalidade e ao quietismo. Mais: vivemos um tempo em que "verdades" existem tão-somente para serem refutadas, partindo de fatos ou factóides - vivemos na Era da Semiótica. Lugar de fala, etc. A coragem também nos diz que toda interpretação é possível, mas deveria ser admitido que nem toda é possível. Também: a experiência se diz muito quanto ao conhecimento, pode não dizer nada quanto à verdade, justiça e ética. Protágoras e seu relativismo encontrou terreno fértil na modernidade perversa de mercado. A personalidade ética de Kierkegaard se esvai em nossos corações quando aceitamos que o Ter vale qualquer preço, e por ele estamos dispostos a - uma pílula do "apenas desejar". Uma ética implica uma escolha: a nossa ou a de outros (outras-coisas). A educação não é tudo, ela é apenas o que sabemos-suportar-escolher! O voto é antes de tudo apenas isto: além da responsabilidade, o desafio de escolher em mim minha personalidade ética.

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Livro Ética no Direito

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