RACING EXTINCTION - Ecossocialismo e o Esmagamento da Dimensão Humana

 


"Essas obras gigantescas, que parecem brotar da natureza, agem materialmente sobre o espírito, que se sente esmagado por sua massa e a noção de esmagamento é o começo da veneração."(Marx: Sobre a Liberdade de Imprensa, 1842). Tudo o que o homem faz pode ser extremo, e sua fatalidade cresce proporcionalmente ao grau de grandeza e extremismo. Tudo pode ser fatal, e é verdade que o homem venera a fatalidade, porque, dominado pelo dinheiro que tudo compra, acha-se superior e acredita poder fugir de sua insanidade, não percebendo que onde ele for sua cabeça, e seu bolso!, irão, até o dia que não puder comer mais dinheiro.

"A pusilanimidade e a incompreensão, uma lastimosa mediocridade pequeno-burguesa, banal e insípida, aí estão a Musa desta lira, que se esforçam, em vão, por parecer terríveis e são, afinal, ridículas." (Engels: O Socialismo Alemão em Verso e em Prosa, 1847). A incompreensão como o conhecimento são produtos da história, tanto quanto são, uma e outra, o espelho da própria relação social para o esmagamento do homem, e do domínio e desigualdade em particular, para o capital global. A distância incandescia, até então, os palácios de inverno de reis e rainhas, da mesma forma que a velocidade supersônica aproxima hoje um hábito milenar de receita à base de frutos do mar das mesas dos restaurantes exóticos do mundo. É necessário, portanto, saber quem senta à mesa! Como se sabe, não se vê aquela relação social por trás dos festivais de iguarias; da mesma forma, não se vê o que o mercado nos empurra goela abaixo: nada disso é muito barato no Norte como no Sul - o poder do quanto custa? alimenta nossa civilização monetária.

"Um fim só pode ser atingido por um meio na medida em que o próprio meio está já impregnado, em bloco, da natureza própria do fim." (Lassalle: Nota Apensa à Carta para Marx [em relação à peça 'Franz von Sickingen'], 1859). Na época contemporânea ainda concebemos a luta como o triunfo de um herói e do seu fim; por outro lado, quanto maior a tragédia com relação ao ato, maior a certeza de sua necessidade vitoriosa. E, no entanto, maior a certeza moral e coerência intelectual ante da prática verdadeiramente revolucionária. Mas em todo o tempo a revolução esteve na mão da mais iletrada e "ignorante" massa de pessoas. Quanto mais o sistema todo se aproxima do extremo, da extinção, mais coerência e moral se exige nas altas montanhas do Olimpo intelectual e religioso. Quimeras próprias da mesma alienação total do nosso fim promovido pelo circuito circular da reprodução financeira. 

Não existe divisão real entre o historicismo e o relativismo do saber: apena a ruptura do paradigma não pode acontecer fora do próprio paradigma. Mutato nomine de nobis fabula narratur (Sob um nome diferente, é a nossa história que é contada). Como saberia do novo fora do já existente? Não existem condições tão absolutamente novas que não exijam um ir para trás ou para a frente, para a esquerda ou para a direita. A maré é real, assim como trás-leva-respira-morte. Centro é ficar! A maior radicalidade é perder o heroísmo bem comportado da hora e massificar a "loucura". David está aí nesse bloco sistêmico de dinheiro-pedra...

Dividir é a operação do mundo. Mas qual é o fim? A natureza ou o homem? A esta altura, não pode ser a natureza a menos que se apregoe o fim do homem. Mas se for o homem, a natureza será contemplada. Mais: se o fim é a natureza, a prática, por mais aparentemente significativa, não irá longe; mas quando o fim for realmente o homem, talvez se enxergue melhor que o fim do homem é a plenitude da vida. Nos afastamos tanto disto que agora o meio é tão pífio que se perde a garganta de tanto gritar. O mercado ouve o tilintar do metal perto do ouvido, o grito lá longe, ali do lado de fora do vidro refletivo à prova de balas na Wall Street [bom para projetar, mas de acústica ruim!].



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