Pós-Modernidade: a luta por reconhecimento e distributividade (Parte III - Memória e Revolução)
É
importante observar que neste processo de “nadificação” na pós-Modernidade, de
predominância do feito sobre o fazer, com a “popularização” do discurso e a
“imediaticidade” do observável, a busca por reconhecimento de grupos se coloca
em plano para as possibilidades, de um lado, de não se cair em um pessimismo
inoperante, de outro, não ser um ativismo sem intencionalidade coletiva. Assim,
pode-se indagar sobre quais as fontes referenciais que o sujeito “tem à mão” para construir uma identidade genuína, ver respeitada sua personalidade em um mundo que prima pela indiferença e coisificação
tanto quanto pela avidez monetária e perda de sentido histórico.
A
dinâmica do capital leva ao “globalismo” e à deterioração das fronteiras
nacionais, enquanto os grupos sociais se desenvolvem em termos de movimentos
específicos e segmentos de “representação”; mas não devemos desvinculá-los e os
autonomizar quanto à possibilidade de incorporar suas reivindicações e
oportunizá-las coletivamente. O outro lado da moeda do modelo de particionamento subjetivo do homem,
próprio do processo de produção capitalista, é a “aproximação” e o “encontro”.
Até certo ponto é paradoxal que a mesma época que promove enorme aproximação
com a “desterritorialização”, pelo menos do ponto de vista das tecnologias de
comunicação, os indivíduos tendam a se reorganizar como certa “guetização”
tanto no plano global como regional – isto acontece tanto na materialidade de
suas vidas como nos ambientes de “internet”, ditos virtuais[1].
De
um lado, existe uma história do homem moderno e da pós-Modernidade no Ocidente,
que de forma positiva ou não, passa pelas forças de produção e as relações
sociais estabelecidas nos circuitos globalizados monetaristas. A Escola de
Frankfurt[2]
foi pioneira na crítica da irracionalidade instrumental moderna nos termos da
subordinação de todas as dimensões da vida social ao desenvolvimento
tecnológico, uma subordinação que não se dá aleatória, mas definida pelo modo
de produção mercantilista.
Como escreveu Adorno (1983, p. 213):
Os
grupos de representatividade e sua luta por reconhecimento aparecem
tragicamente na reflexão contundente de Zigmunt Bauman, tanto em sua obra Modernidade Líquida (2001), como em Modernidade e Holocausto (1998). Porque se existe alguma coisa que mais abrange
a pós-Modernidade é, não propriamente a tecnologia,
mas o uso sistemático dela no planejamento logístico das multidões. E isto diz
respeito a uns e outros! Mais: uma das mais reveladoras constatações quanto à
pós-Modernidade é fazer-nos acreditar que, do ponto de vista da racionalidade instrumental, a condição
de fragilidade e “indigência” humana devem ser resolvidas sumariamente pelo
extermínio em massa do homem, como medida saneadora e higienista propiciada
pelas tecnologias e mecanismos de gestão científicos. A história comprovou que
o afastamento, isolamento ou a insistência na identidade a qualquer custo, não
resultou em benefícios para as minorias, muito ao contrário.
Bauman (1998, p.37) se
expressa assim:
Já aqui, portanto, estava dada a
tentativa de “eliminar” sistematicamente as minorias, os grupos de
“representação”, que irão se constituir na virada do século XX para o século
XXI, como uma denúncia e uma barreira à unidimensionalidade
e à “perda” de memória do homem moderno. O conceito de unidimensionalidade foi desenvolvido por Herbert Marcuse, (1982, p.
32), nos seguintes termos:
Por
isso Bauman insistia pela análise da barbárie do Holocausto, que: “Este aumento
de probabilidade (de opção conforme a razoabilidade instrumental) está mais do
que casualmente ligado à capacidade da burocracia moderna de coordenar a ação
de grande número de indivíduos morais na busca de quaisquer finalidades, também
imorais.” (1998, p. 37).
Os
horrores das duas Grandes Guerras da primeira metade do século XX, bem como as
que se sucederam ainda ao longo das décadas seguintes[4], demonstra
aparentemente a dificuldade de a
humanidade suportar, em termos pós-modernos, a ruptura provocada na acomodação das culturas nacionais e nos idealismos e fundamentalismos pela multidiversidade, dificuldade essa que tem no
instrumentalismo e nas “maquinarias”
de gestão das massas sua causa maior.
Desta
forma, pode-se afirmar com propriedade, como o faz o professor Paulo Roberto
Monteiro de Araújo (2016, paper(a)),
que:
Mas
o liberalismo de mercado e a versão contemporânea do neoliberalismo, que “pode
ser visto como uma tendência a estender e intensificar a monetarização das
relações sociais” (HOLLOWAY, 2003, p. 139), só aparentemente torna invisíveis os movimentos sociais
reivindicatórios, como necessidade de estabelecer uma ordem adequada à reprodução do capital, uma ordem adequada às
especulações com o dinheiro – o movimento incessante é a realidade do
capitalismo, e a sua dinâmica torna instáveis todos os mecanismos técnicos da
ordem e as relações sociais em todas as dimensões da totalidade social.
Entretanto, neste processo, de fato as sociedades pós-modernas demonstram uma
“capacidade reativa” de integrar os
movimentos de identidade: a identidade é o próprio mecanismo do sistema,
incentivando-o, na medida da mesma lógica de separação entre o fazer
(trabalhador) e o poder (sobre ele), do particionamento desse fazer e do saber,
do trabalho abstrato sobre o trabalho objetivo, do feito sobre o
fazer. Seria ingênuo imaginar que o capital desdenharia desses movimentos de
identidade, tanto quanto parece um erro imaginar que eles não têm seu peso nas
contraofensivas críticas ao status quo.
A mesma fragmentação e separação existentes no trabalho material produtivo se
estendem a todas as práticas das demais dimensões sociais, à consciência e à
potência de contestação – logo que um grupo ou determinada manifestação adquire
alguma importância, mesmo que regional, ela é impedida com violência ou, se
disso não resultar a sua aniquilação, incorporada ao movimento de transformação
constante do capital.
As
identidades e as diferenças não importam a não ser como mecanismos de
pertencimento e aprimoramento da lógica de partição e segmentação, a mesma que
possibilita a acumulação de dinheiro como capital e a gestão conveniente das
massas[5].
Como afirma Holloway
(2003, p. 155):
Então,
de um lado a memória pode ser vista
como a volta a algo que já foi “superado”, ou algo que alimenta o novo, que
clama por transformação. Mas, por outro, a memória constitui a cultura, e esta é
a possibilidade de inserção do indivíduo no coletivo. Do ponto de vista da cultura,
o “superado” nunca é deveras superado[6]. Ao
contrário, é pela memória que o indivíduo localiza seu pertencimento, pelo qual
pode avançar qualitativamente em relação ao realizado e já vivido por seu
grupo, refazendo a trajetória do mesmo tanto quanto a sua própria trajetória,
aceitar ou rejeitar. Uma determinada historiografia não está condenada ao mesmo
destino, mas pode alçar voos maiores se o imaginário objetiva a descontinuidade
e não a objetividade recorrente. É nisso que, de certa forma, os movimentos
sociais e as contestações que visam à afirmação de escolhas minoritárias nas
sociedades contemporâneas, acreditam. Elas não perderam a memória coletiva e
nem parecem querer repetir uma existência através de valores e narrativas “já
superadas”.
Contudo,
isto não significa necessariamente que esses indivíduos e grupos queiram ficar,
infelizmente, fora da história dada, da comunidade, da sociedade ou repudiar e
vilipendiar os atributos morais e comportamentais coletivos e fundamentais de
sua formação, não pelo menos de forma significativa. Isto é compreensível em
termos: na medida em que o sistema capitalista por suas exigências de trabalho
segmentado e subordinado à separação entre o saber, fazer e poder, não podendo,
pois, realizar a totalidade da potencialidade humana na experiência da vida,
contribui para que as minorias e os diversos grupos de representação se vejam
obrigados a se afirmarem antes de tudo como parte de um homem único, com
direitos e deveres universais, e é este homem genérico que procura
pertencimento e reconhecimento. Como afirma Jorge Luis Borges (2001, p. 78):
“Em épocas de apogeu, a conjetura de que a existência do homem é uma quantidade
constante, invariável, pode entristecer ou irritar: em tempos de decadência
(como estes) é a promessa que nenhuma afronta, nenhuma calamidade, nenhum
ditador nos poderá empobrecer”.
Ao
mesmo tempo, as pessoas querem fazer história a todo o momento, e os que se
consideram minorias e exigem reconhecimento a valores e comportamentos
minoritários, mais ainda! Elas não só usaram, como usam a memória para avançar
de forma “desviante”, garantindo a possibilidade de abrir o imaginário de origem, como o exigem dos
demais membros com os quais compartilham seu cotidiano e sua existência
coletiva, pelo menos no nível da aceitação e respeito à diferença. O sistema
capitalista é bifacial! Ele apresenta muitas faces a partir de sua natureza bifacial, dado que essa sua natureza é a
necessidade da separação entre o fazer e o poder. Esta duplicidade está, pois,
na natureza do sistema do capital e na origem de sua reprodução pelas relações
sociais reformadas nos movimentos sociais contemporâneos, por sua atualização e
transformação.
Se
antes da construção dessas identidades e seu reconhecimento, está a memória irrecusável em relação aos
sistemas mercantis pós-modernos, isto não significa obrigatoriamente que ela
seja obstáculo à descontinuidade do
indivíduo, do grupo, da sociedade. A tentativa de “pensar sem categoria” ou “de
não dizer nada antes da investigação” (FICHTE, 1984)[7], é
mais uma denúncia a certo tipo de continuidade historiográfica, naquilo que se
entende como “monumental” na constituição da cultura, do que um abandono
absoluto da mesma. Pode-se pensar, então, que se essas “categorias” acabam por
constituir os enunciados e as metanarrativas
na filosofia e nas ciências sociais de forma geral, amalgamando a existência a
“verdades” que se eternizam nas mentes humanas, também essas “categorias” pelas
micronarrativas são a possibilidade de ruptura de um ainda-não da ação
cultural, popular ou erudita: “Este ainda-não não só pode ser visto na
militância política aberta, como nas lutas da vida cotidiana, em nossos sonhos,
em nossos projetos contra a negação de nossos projetos, em nossas fantasias,
desde os mais simples sonhos de prazer até as criações artísticas mais
rupturistas.” (HOLLOWAY, 2003, p. 225).
A
memória tem a ver com o passado, o que já aconteceu, pode-se esquecer dela ou
pode-se lembrar. A pós-Modernidade que acompanha a separação perniciosa do
fazer do feito, tende a separar igualmente o presente do passado, não vendo o
tempo como um contínuo, um processo, mas do mesmo modo cronológico de contar o
tempo do relógio. Cronológico como o quantum
de trabalho, recria irrecusavelmente a “memória por migalhas”, quando a não
avilta, deturpa e oblitera. Então é plausível que se diga que o passado
sombreia a compreensão da história - por trás disso está a moderna
historiografia francesa dos costumes (ELIAS, 1991), dos Annales (BURKE, 1992),
com suas micro-histórias, esse estudo particular particionado dos
acontecimentos e fenômenos humanos, que se de um lado pretende fugir da
“verdade” escrita pelos vencedores, por outro lado, impossibilita a reescrita
de forma coletiva e que remeta à construção pelos seus protagonistas.
“Desmerecendo”
essa vibração significativa
constitutiva da humanidade, em suas semelhanças e diferenças, impele o coletivo
para a individualidade, para a identidade que nunca se torna coletivamente
universal, abrangente em sua alteridade de aproximação e afeto – na verdade o
discurso do particular só interessa ao capital, a reforçar sua própria natureza
individualizada e individualizante, sob o pretexto da individualidade dos
sujeitos que não pode, destarte, ser encaminhada de forma isolada e
fragmentada, a não ser como metanarrativa falseada
pelo sistema de valor, de valores de troca. Os grupos precisam pensar nisso: “A
luta contra o capital é a luta contra a identificação. Não é a luta por uma
identidade alternativa.” (HOLLOWAY, 2003, p. 152).
Uma
narrativa contém toda a expressividade da experiência vivida que varia em grau
entre a pessoalidade e impessoalidade, entre a identidade (particular) e a
personalidade (subjetiva a partir do coletivo); mas de todas as formas tem que
ser interpretada. Hayden White (2011, p. 588) indaga com propriedade: “A
história é uma atividade interpretativa, qual é sua política?” Aquilo que se
lê, pelo plano cultural, superestrutural, portanto, não é o mesmo a cada momento, o que significa que a cada momento uma
historiografia se forma com base em um repertório que não é só pessoal, mas
sobre a influência de uma memória que não é apenas isso, ela é igualmente impessoal
(coletiva). É por aqui que podemos então afirmar que “coletivamente” a memória
funciona como o elo de continuidade “do já dado”. Mas mesmo sendo assim, parece
irrefutável que para o Ser é inescusável essa necessidade de recuperação e
preservação da memória, possivelmente não tanto pelo repetir do “já vivido”,
por-mim ou pelo-outro, mas pelo registro e importância de uma experiência tida
como “própria”, como o perpetuar de uma “existência” que se sabe efêmera, mas
não abdica de deixar rastro, de se expressar, construir de alguma forma a
“permanência” diante da finitude.
Hayden
White, no centro do debate sobre a historiografia nova, está ciente, portanto,
da questão do “interesse”, do poder e da política na formulação da memória
histórica, na perpetuação daquilo que servirá de fundamento para a construção
de um sentido. Com o pretexto da
objetividade e cientificidade, o discurso da pós-Modernidade continua a usar a
memória como promoção de uma ordem específica, mas superficial de fato e de
direito. Historiadores, filósofos, juristas, políticos, gestores e cientistas
sociais de forma geral apelam à memória ora para enaltecer as conquistas do
passado e as lições mais valorativas e morais dos ancestrais, ora como algo
que, em certas condições de interesse, deve ser esquecido, sinônimo que é daquilo
que é velho ou que não tem mais utilidade. A “verdade”, de uma forma ou de
outra, aparece acima do “real”. De uma forma ou de outra, a memória tende a aparecer
contemporaneamente como serva, uma memória implantada mais do que refletida,
promovendo verdadeiro corte naquilo que pode e deve ser considerado ou não. De
resto, uma mesma cisão entre o que é pertinente a determinadas classes saberem
e usufruírem, ou não, o que podem ou não podem fazer comandadas pelo poder-sobre.
Se
um historiador aparece como um sujeito de boa-fé contando a história “como ela
de fato aconteceu, quanto ao mesmo tempo serviam ao estado ao castrar ou neutralizar
ideologias abertas, [...] e agiam como se não houvesse nenhum componente
ideológico em suas próprias obras!” (WHITE, 2011, p. 588), é porque, sob o
disfarce da objetividade existe um manto de manipulação da memória que ao mesmo
tempo em que cria o “eu pertenço”, cria a “má-consciência” de que nos falava
Nietzsche (1983). Essa “má-consciência”, tratada objetivamente para a “ilusão
da verdade”, contudo, é conservadora e por vias das tradições e dos costumes
implanta a própria memória sob os auspícios de grupos e elites nas narrativas
monumentais estruturantes “[...] da natureza da sociedade capitalista avançada,
uma sociedade que se torna cada vez mais estruturada e mais determinante da
natureza das escolhas dos indivíduos, enquanto ao mesmo tempo lhes fornece a
sensação de que suas escolhas são livres!” (WHITE, 2011, p. 580). Ou seja, se
se quer pensar em uma ontologia da história ocidental pós-moderna, ela se
encontra por dentro de um modelo de organização econômica e social específico
só encontrado na pós-Modernidade.
Do
ponto de vista das metanarrativas historiográficas, ao oficial pode-se
contrapor uma arqueologia pela “porta dos fundos”, uma narrativa que privilegie
aquilo que a prática discursiva do vencedor e do poder preteriu e não
privilegiou (ROCHA, 2011). À orientação memorial pseudoobjetiva do viver, pode-se opor o niilismo reformador de uma má-consciência continuamente projetada
para um bem viver (NIETZSCHE, 1983). Neste sentido que se pode afirmar que os
movimentos sociais hoje potencializam a “negação da negação” – a crítica à
separação do fazer do poder e da subordinação deste fazer àquilo que é feito,
ou do homem às mercadorias, é a ação que pretende rebelar-se coletivamente
contra o que o sistema de mercadorias nega ao homem, a sua totalidade, a sua
humanidade.
Entretanto,
“a negação da negação”, para a reinvenção do homem pós-moderno na luta pelo
reconhecimento da identidade e da ecceidade, algo da memória é necessária, como
na Aufhebungen (“superar conservando”)
de Friedrich Hegel[8].
Nestes termos, para uma eticidade
refundante da história, White propõe a depuração da memória historiográfica
oficial em termos daquilo que seria sublime
em oposição ao belo. O autor afirma
que:
Não
obstante, mesmo a construção de uma consciência histórica “sublime” como Hayden
White (2011) apregoa, não paira acima da própria história dos homens, do Ser
que está fadado à consciência de si, cuja memória o localiza, a um tempo, para
o estranhamento e para a aproximação. A busca pelo reconhecimento do Eu ou do
Grupo, o escape do “implante” que leva à servidão, se não tem esperança no
mundo coisificado das mercadorias, também não prospera em esperança no
isolacionismo e na solidão. Por isso Lev Vigotski (1995, p. 90) unia a
linguagem à memória: “A própria essência da memória humana consiste em que o
homem recorda ativamente com ajuda dos signos”[9]. A
consciência histórica ou memória – objetiva (geral) e subjetiva (particular) –
são construções culturais, quer dizer, mediadas por signos de linguagem usados
como ferramenta de aprendizagem, domínio sobre a natureza, experiência coletiva
onde as ferramentas vão pela mão humana onde seu organismo não pode ir, e além.
Não
por acaso, Pierre Nora chega a opor memória à história, aquela como “sagrada” e
esta como “prosaica”: “A memória instala a lembrança no sagrado, a história a
liberta, e a torna sempre prosaica” (1993, p. 9); e em seguida essa necessidade
de fazer a historiografia da própria história para avançar além da memória: “A
história é a deslegitimação do passado vivido. O movimento da história, a
ambição histórica não é a exaltação do que verdadeiramente aconteceu, mas sua
anulação.” (1993, p. 9).
[1] Mais de um bilhão de indivíduos
fazem parte de algum tipo de grupo no Facebook; chega a 2,6 bilhões o total de
usuários com perfil no Facebook: isto significa que quase 50% (um a cada dois)
dos usuários fazem parte de algum tipo de grupo de relacionamento só no
Facebook (TECMUNDO. 2,6 bilhões de
pessoas participam de grupos no Facebook. Tecmundo, 01 de fevereiro de
2016. Disponível em:
https://www.tecmundo.com.br/facebook/94824-bilhao-pessoas-participam-de-grupos-facebook.htm.
Acesso em: 17 de fevereiro de 2019; VALENTE, Jonas. Chega a 26 bilhões de usuários no mundo com uso de plataformas.
Agência Brasil, 30 de outubro de 2018. Disponível em;
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-10/facebook-chega-26-bilhoes-de-usuarios-no-mundo-com-suas-plataformas.
Acesso em: 17 de fevereiro de 2019).
[2] Conjunto de teorias críticas
propostas por um conjunto de pensadores que vai da década de 30 até a década de
70, cujo foco é precisamente a crítica à ideia que a ciência proveria ao homem
o bem estar e a paz apregoada desde o século XVIII, por exemplo, ideias
presentes no ideário da Revolução Francesa (1789) e o desenvolvimento dos
estados liberais de livre mercado. Normalmente são considerados pertencentes à
escola de Frankfurt Adorno, Horkheimer, Benjamim, Habermas (dos primeiros
escritos) e Marcuse.
[3] John Holloway retoma a
pertinência e importância da obra de Marcuse quanto à unidimensionalidade do
homem moderno e igualmente a possibilidade de resistência pelos grupos
minoritários e/ ou desprotegidos: “O pensamento positivo e a racionalidade
instrumental impregnaram a sociedade de maneira tão absoluta que ela se
converteu em unidimensional. A resistência significativa só pode provir das
margens, “(...) o substrato dos proscritos e os ‘estranhos’, os explorados e
perseguidos de outras raças e de outras cores, os desempregados e os que não
podem ser empregados”. Não se trata de que este “substrato” tenha consciência
revolucionária, mas que “(...) sua oposição é revolucionária inclusive se sua
consciência não é”. Deve entender-se que a prática política inconsciente dos
marginalizados corresponde de alguma forma à prática teórica consciente dos
teóricos críticos marginalizados academicamente.” (HOLLOWAY, 2003, p. 134-135).
[4] Por exemplo, em 1950 (Coréia),
1960 (Vietnã, Israel) e 1970 (África); ainda mais contemporaneamente na Bósnia
(1990), na Ucrânia (2014), no Oriente Médio (Líbano, Iraque/ Golfo, agora na
Síria (2011)), na Ásia (Afeganistão duas vezes (1980 e 2001)); ou por vias dos
fundamentalismos religiosos hoje (Hezbollah, Talibã, Al-Qaeda, ISIS).
[5] Antonio Negri (Biocapitalismo, 2015) chama a atenção
que o atualmente deve-se distinguir o conceito de massa do conceito de
multidão, pois as massas carregam uma necessidade de uniformização a ser
produzida por uma vanguarda revolucionária, enquanto a multidão está junta não
em torno dessa possibilidade mais ofensiva de mudança radical, mas como desejos
singulares que unidos são uma potência transformadora. Em suas palavras: “O
comunismo foi produto de uma luta de classes massificada, enquanto hoje nós nos
encontramos diante de um trabalho singularizado. Esta diferença não é uma
simples diferença dos modos de produção, e sim uma diferença de estruturas
históricas, produtivas e ontológicas. Há, então, uma diferença ontológica
fundamental entre um conceito de massa, direção, vanguarda – porque a massa
deve ser conduzida – e um conceito de multidão, de singularidades potentes,
isto é, com uma potencia e um desejo singularizados.” (NEGRI, 2015, p.75).
[6] O imperador
romano Marco Aurélio (121 a 180 d. C.), em suas Meditações, vaticinava: “Quem
viu o presente viu tudo, não só o que existiu desde a eternidade como tudo o
que haverá no tempo infinito, pois tudo tem a mesma origem e o mesmo aspecto.”
(Livro VI, §37, 1973, p. 296).
[8] “Os sentidos de supressão,
conservação e elevação estão assim presentes conjuntamente; negatividade,
positividade e progresso são reunidos em um mesmo processo. Com isto se torna
possível o projeto de uma exposição que não visa apreender o “ser” estático do
saber, isto é, que não seja uma doutrina fechada sobre si mesma com pretensão
de verdade, mas que, diferentemente, capte o movimento do “vir-a-ser” do saber
– um sistema que recolhe as “determinidades” passadas e permanece aberto a
novas determinações. Nesta direção, pode-se afirmar que o sistema hegeliano é
constituído por uma série infinita de Aufhebungen.” (Prof. José Pinheiro
Pertille (UFRGS). Entrevista: Superar,
aniquilar e conservar – A filosofia da história de Hegel. Por Márcia Junges
e Andriolli Costa: Revista do Instituto Humanitas Unisinos (On-Line), Edição
nº. 430, de 21 de outubro de 2013).
[9] “La propria essencia de la memoria humana
consiste em que el hombre recuerda activamente com ayuda de los signos.”
(VYGOTSKI, 1995, p. 90).
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