Sobre a ética e o amanhã


Todas as éticas têm pontos favoráveis e pontos negativos. Então Aristóteles criou o justo meio no séc V a.C.. Quem diria que a necropolítica fascista teria que ser analisada pela ética "instrumental" (ponto negativo). Mas no caso do texto existe uma apropriação aristotélica, ainda que Aristóteles dificilmente pode ser classificado neste quesito. Sempre se poderá usar o bem comum para matar ou para ilibar. Em princípio não se pode desejar a outro o que não se consente para si (a menos que exista um contrato aceite para tal, e ainda assim de acordo com a lei e demais valores sociais-ética tipo contratualista). Claro o texto de alguma forma julga os outros... isto implica logicamente que 1. Se faça o mesmo com o julgador; 2. Se exerça o poder de julgar, quer dizer, de ser superior. A questão colocada pela deontologia ou ética dos valores é que efetivamente o único julgamento legítimo e razoável é aquele que eu faço sobre mim; não se trata exatamente de valores morais cristãos, ainda que tudo possa se reduzir a esse nível (o ponto fraco desta ética é o direcionismo valorativo). Da mesma forma não faz sentido julgar alguém apenas pelo resultado de seus atos - isso não diz nada sobre as intenções escusas ocultas e de maldade do agente (se assim não fosse não se poderia eleger democraticamente um fascista; na campanha ele só faz o bem; não foi sequer nosso caso!). Mas também é verdade que a escolha ética precisa definir o que é certo ou errado para o agente no ato de escolha - algo muito difícil sem coerção. A democracia tão sonhada desde os gregos antigos é o único meio de colocar todas estas questões praticamente em discussão. Decidir coletivamente o melhor é que são elas. Escrevo isto por um único motivo: desde jovem eu sei qual o meu lado - mas será mais penoso de tudo saber que no futuro a humanidade acreditará na morte alheia mesmo em nome do coletivo! Por isso sou um abolicionista e recuso qualquer defesa do julgar do punir do matar, dessa necropolítica aliada da biopolítica que acaba com todas as esperanças da humanidade se elevar ao mais alto degrau de sua liberdade e autogestão coletiva. Eu não posso ser igual a eles! Porque senão nossos descendentes um dia compreenderão que lutamos para trocar seis por meia dúzia. Nos dias atuais coisas assim devem ser pensadas para levar adiante a revolução da  desalienação total da humanidade. Muitas vezes respondemos nas redes sociais de forma grosseira e desavisada porque estamos no limite... Mas sempre é hora de capturar a "ternura", não por causa desse inominável que elegeram, mas porque não somos eles, somos melhores do que eles!

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