Sou Apenas um Professor: Réquiem para um final afinal

Final... para eles aqui... 5 milhões de homens, mulheres, crianças, velhos... doentes, pobres, esfarrapados saídos dos guetos das nações que até os mais abastados deles fingiram não ver! não seria possível sem essa convivência com os algozes saídos da mais completa escuridão que só a mente humana é capaz de produzir.

Final... de mais um ano... centenas, algumas, de pessoas que passaram por mim... esperanças renovadas em cada rosto, mesmo nos mais jovens, mesmo nos mais idosos, nos mais cansados, nos mais esquecidos dos guetos de hoje a esperança que existe afinal um fluxo e que chegaremos lá melhores! não seria possível conviver, sequer olhar, sem este último atributo trancado na caixa de pandora e libertado pela teimosia que só a mente humana é capaz de produzir. esta teimosia chama-se filosofia.

Sou apenas um professor... como tal, se algo aprendi em tantos anos é que "santo de casa não faz milagres", claro, a menos que estejamos dentro, que tenhamos a senha, que o santo seja um soldado... mas, deixemos para lá essas metamorfoses, ou serão metáforas apenas? por isso deixo aqui apenas as palavras de outros, muito mais importantes, dos milhões. espero que tenha feito algo, difícil dizer diante de tudo, neste momento. 

Jesus cristo disse em texto apócrifo: "pai, eu te perdoo pelo que fizemos". afinal... sou apenas um professor!

"Prezados Professores,

Sou sobrevivente de um campo de concentração.
Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver:
Câmaras de gás construídas por engenheiros FORMADOS;
Crianças envenenadas por médicos DIPLOMADOS;
Recém-nascidos mortos por enfermeiras TREINADAS;
Mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados em COLÉGIOS E UNIVERSIDADES.
Assim, tenho minhas dúvidas a respeito da Educação.
Meu pedido é este: ajudem seus alunos a tornarem-se humanos.
Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados.
Aprender a ler, a escrever, aprender aritmética só são importantes quando servem para fazer nossos jovens mais humanos."

Carta hipotética escrita por um sobrevivente da 2ª guerra endereçada a Janusz Korczak (http://www.museudoholocausto.org.br/educacao)