Frederic Jameson: NBA, Jacob Blake e a Cultura do Dinheiro
Por quê os jogadores da NBA voltarão a jogar após os protestos contra a agressão a Jacob Blake?
Estou lendo um autor especial - Frederic Jameson,
A Cultura do Dinheiro. No capítulo "Fim da arte" ou "Fim da história", o autor
indaga se Hegel tinha razão sobre a afirmação do fim da arte, e se Fukuyama e
Kojève o mesmo sobre o fim da história. No caso de Hegel, a superação humana do
belo figurativo clássico - como expressão do espírito rumo ao "espírito
absoluto", coletivo, expressão da totalidade - se dá na filosofia iluminista que
Hegel acreditou ser a Modernidade (na política e no direito esse absoluto se
encontra na filosofia do Estado/ Sociedade Civil). No caso de Kojève, um
ex-stalinista e um dos formuladores da UE, assim como Fukuyama, o fim da
história se dá após o "fim" da guerra fria com a prevalência do sistema
capitalista de forma hegemônica na globalização dos mercados e nas políticas
neoliberais dos governos. Segundo Jameson, Hegel deve ser interpretado no
funcionamento sistêmico onde um sistema se sobrepõe a outro, ideia que Marx
compartilhou com a ideia do Materialismo Histórico Dialético, onde mesmo que se
considerá-se a hegemonia do capitalismo, seria impossível considerar o
capitalismo como o fim de qualquer coisa. O exemplo disso, diz Jameson, é que
mesmo longe da epistemologia filosófica, por todo lado no mundo globalizado
assiste-se às mais variadas manifestações e movimentos sociais dissonantes e
desconstrutivos em sua luta por reconhecimento, que Jameson pauta como a
característica da dinâmica social política da pós-Modernidade. Seria o Racismo
parte desta luta? Pode o movimento antirracista fugir desta dinâmica
pós-moderna? O que esperar?
E Hegel? Bem, o indicativo hegeliano é que no
"estado absoluto" o processo do homem em relação à sua humanização (nova,
segundo Holloway que o lê em Marx), une a cultura e a arte com a economia, como
afinal Marx o predisse desde o início até sua morte (dos Manuscritos ao Capital
ou talvez melhor ainda nos Grundrisse, como Jameson diz). Esta união do
econômico com a arte é o que eu quero desenvolver agora já que defendi que o
"novo" trabalho libertará o homem de sua alienação material e imaterial,
objetiva e subjetiva, e que com o fim do fetiche do dinheiro e das mercadorias
seu labor e sua arte se fundirão de volta. Assim, o "fim" da arte em Hegel seria
apenas temporal e o "fim" da história, quanto muito, uma aberração espacial dada
pelos estágios mais desenvolvidos do capitalismo na era do financismo. A
pós-modernidade, que Hegel não imaginou, mas Marx de certa forma, sim,
substituiu o belo pelo "sublime" (tudo "apetece" assim diante do dinheiro), e a
filosofia pela teoria. Em outro lugar (livro Ética: o homem e o direito - Introdução) eu dizia que
a filosofia se mercantilizava quando teorizava acerca do sentido das coisas e
não a procura da "verdade". Sempre foi muito difícil explicar isto para o nosso
tempo de "todas" as verdades, ou, de verdade alguma. E eu parecia tão
conservador... Mas o que eu quero dizer é que essa substituição do belo pelo
sublime acaba sendo uma marcha a ré na arte porque aquilo que é sublime no mundo
hoje é o capital, o dinheiro, o último fetiche das coisas, a última instância
das grandes religiões. Ele baliza toda a teoria simplória, neste sentido, dos
filósofos, dos clérigos, dos artistas, dos magnatas, dos pequenos burgueses e
dos assalariados do capital, dos movimentos de reconhecimento e étnicos. Mas
isto não é o "fim da arte" e menos ainda o "fim da história". É apenas o início.
Jameson diz (da mesma forma que Berman e Lyotard) que a modernidade (científica
e racional) ainda está por vir, e então a História verá o sistema bárbaro atual
migrar rapidamente para um "aqui-e-agora" sem preocupações com os "fins" e sim
com o espírito coletivo (Heidegger?), nem superior nem inferior, uma segunda
humanização onde toda obra humana poderá ser apenas e simplesmente Arte!
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