A História de Filocteto: Entre o Altruísmo e a Compaixão


O Papa se foi. Nós voltamos. Vos esperamos.
Então sonhei com Filocteto (a bem da verdade, eu tinha lido sobre ele!).
Compartilhando "sonhos" (adaptação livre do autor):

A História de Filocteto
"Filocteto era filho do rei Peante da Tessália, nos primórdios da civilização grega. Indo para Troia, Filocteto ficou doente a bordo do barco de Ulisses. Suas chagas eram repugnantes e purulentas. Ulisses ficou temeroso horripilado com as chagas e o aspecto de Filocteto. Além disso, ficou com medo que a doença, a peste, se espalhasse pelos tripulantes e guerreiros que se dirigiam para a guerra. Então, Ulisses abandonou Filocteto em uma ilha, deixando com ele a sua espada e seu escudo. Naquele tempo a espada e o escudo de um guerreiro eram pessoalíssimos e conferiam a honra e o caráter ao guerreiro. Passados alguns dias, Ulisses é avisado pelo irmão do escorraçado e pestilento Filocteto, Neoptólomo, que os deuses haviam avisado que para ganhar a guerra os gregos iam precisar da espada e do escudo de Filocteto. Ulisses então convence Neoptólomo a ajudá-lo a 'roubar' a espada e o escudo de Filocteto, visto que existe uma necessidade maior do povo grego. Neoptólomo deveria usar as armas de seu irmão. Voltando à ilha onde estava abandonado Filocteto, Ulisses tenta enganá-lo com a ajuda do irmão, sabendo que Filocteto recusaria lhe entregar suas armas depois de ter sido banido por Ulisses. Contudo, Neoptólomo não conseguiu manter a mentira, e revelou ao irmão o ardil e o que os deuses haviam dito no oráculo de Delfos."

O que Filocteto deve fazer? Vingar-se de Ulisses e recusar-se a dar as suas armas?
O que deve prevalecer? O egoísmo, a vingança, o ódio pessoal, ou o interesse coletivo, no caso, o bem do povo grego que ia lutar contra os troianos?
Abandonado, escorraçado, enganado, doente, cheio de chagas e escorrendo pus, Filocteto inspirou compaixão a seu irmão Neoptólomo, compaixão porque no primeiro momento ele se deixou convencer por Ulisses que para o bem dos gregos deveria enganar o irmão.
Ulisses tem as suas razões, como comandante, como guerreiro, como homem de Estado; para ele qualquer comportamento é válido se for para o bem maior dos gregos.
O que faz Filocteto? Entrega as armas ao irmão e lhe deseja boa sorte na guerra de Troia.
No entanto, isto não é compaixão, é altruísmo pessoal. Filocteto pensa efetivamente que a sua vida, e as maldades que foi vítima, não justificavam abandonar o povo grego. Troca o ódio e a vingança legítima (quem diria que não era?!), por uma escolha absolutamente altruísta.
A ética da responsabilidade é trocada pela ética da personalidade.
E os deuses deram a vitória aos gregos!

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