Encontrei Foucault ontem!


Foucault demonstrou o caráter irracional da punição sobre a educação. No final cada um deveria cuidar de si. Comprometer-se consigo mesmo e parar de “cuidar” da vida dos outros.
Kant dizia que os homens deveriam sair da sua minoridade pela razão.
Espinosa acreditou em uma moral de autonomia através de princípios lógicos de conduta.
E tudo isso é pouco aproveitado por nossos governantes, ainda hoje, em pleno século XXI e no auge da Era de Aquário.
Que desperdício de talento, de razão e de emoção!
Continuamos tão presos ao dogma da punição como quando Sto. Agostinho escreveu "A Cidade de Deus". Educamos pela dor do castigo, ou seja, aprendemos pelo suplício, vivemos pelo sofrimento e isso nos basta.
O pior é que acreditamos que funciona. Não funciona, mas reproduz incessante o poder, a autocracia e o despotismo de nossos gestores.
Na verdade, não é culpa deles, nada de melhorar a imagem do diabinho no espelho. O mal somos nós mesmos. Gostamos do inferno, e nos iludimos com o paraíso.
Existe um jogo pérfido e pernicioso alimentado por nós; por todos os lados dizemos “O castigo, o castigo, só assim para aprender!Mexe no bolso que ele aprende!”. E nos derrotamos a cada dia, a cada instante, em cada lugar. Fazem conosco e nós fazemos com os filhos, os alunos, os jovens. No futuro eles o farão com os filhos, ensinar-se-á nas escolas a mesma filosofia da punição e degradação, e se inventará sistemas cibernéticos avançados para disfarçar a imensa reclusão e confinamento em que todos estão “sujeitados”.
Nietzsche dizia que o sofrimento humano tinha três origens: o rancor, o remorso e a religião. O remorso já o perdemos há muito. Ninguém precisa se sentir culpado: é só escolher entre a legalidade e a ilegalidade da farmacologia. Deus está morto há muito tempo, basta ver o dinheiro que aí vai. Sobrou o rancor: pegamos-nos a ele para viver.
Rancor sem vergonha, sem dó, sem limites. A dor, a dor!: “Minha coroa por um pedaço de dor!”. Todos achamos que temos uma coroa para trocar pelo sofrimento. Fazemos da vida um holocausto e gozamos com isso!
Porquê isso? Estudei duas cartilhas, não tão pequenas assim, sobre “Primeiros-Socorros” e “Condução Defensiva’, tudo cheio de cidadania, responsabilidade social, cuidado com os outros, com o meio ambiente e contigo mesmo. Balela! Ainda cobram esses livretos por aí!
Na prova de renovação da carteira de motorista, que também cobram por aí, tinha umas dez questões, no mínimo, do tipo “Se entrar na contramão de uma rua, a multa é pequena, média, grave ou gravíssima?” ou “Se depois de um acidente com vítima a autoridade policial mandar tirar o carro do lugar e você se recusar, a punição é uma multa de 5 vezes o valor de uma multa gravíssima, a prisão por desacato à autoridade ou retenção de seu carro?”, e por aí vai. A prova tinha trinta questões.
Será que me faço entender? Só fico pensando porquê a tal da “(au)toridade” acha que pode me misturar no mesmo “balaio de gato” em que se meteu!?

Comentários

Livro Ética no Direito

Postagens mais visitadas deste blog

Ensaio sobre a transmutação do homem burguês: o Estado em John Holloway - Parte I

Intercept Brasil: Um conto de duas corrupções

ANTROPOLOGIA GERAL E JURÍDICA - 6a. Edição

LIVRO SOCIOLOGIA JURÍDICA (7a. ED. ADOTADA)

A História de Filocteto: Entre o Altruísmo e a Compaixão

A Modernidade de Madame Bovary