Anotações Sociológicas sobre Movimentos Sociais: Brisas e Cores
Tuas pegadas revelam-te, te dão a conhecer: isto é o que
dizem que és!
Teu sangue escorre entre as palavras que escreves: isto é o
que és!
A Efervescência produz deslocamento
I – deve-se entender o que é essa ‘organização’ de pessoas (Se as ações de cada
um são sempre impresciência, como o conjunto gera movimento, perguntava-se
Brecht?!); este entendimento per se
não produz consequências sérias na mudança do status quo – Efervescência do tipo Acadêmico.
A Efervescência produz
deslocamento II – no processo descobrem-se quais as forças em jogo, o que está
e quem está no jogo; dificilmente produz mudanças Revolucionárias devido às
forças conservadoras e reacionárias que estão no movimento, falta de ideário,
estratégias, táticas, organização etc. - Efervescência do tipo Reativo.
A Efervescência produz
deslocamento III – o deslocamento é proposital, leva ao palco dos
acontecimentos forças com plataforma de mudança, existe insistência das forças
em revolucionar, mas dificilmente o movimento é purista (Os interesses de
classe produzem alianças mesmo as mais imprevisíveis, burguesia e fascismo, abolicionistas
e legalistas, anarquistas e partidários etc., ensinava Gramsci!) –
Efervescência do tipo Propositivo.
Nos limites: todo o limite
pressupõe o resto, para além, o depois, milhão de possibilidades. Por um
movimento tão natural quanto o universo se expande acelerado, a efervescência
se dará mais tarde ou mais cedo. É preciso entender a história – os homens são
e ainda estão lá, tanto como agora. Nem tão revolucionariamente, o movimento
não é uniforme e retilíneo, é espetacular como o conhecimento que nada pode dizer
disso, daquilo que será, do que em verdade estamos a viver. Porque há limites? Para ‘cartesianamente’
sabermos que se pode ver além! Cartografias passadas sempre vão para o obscuro
do buraco negro e o sol sempre explodirá em um novo universo. Galáxias e
universos paralelos em espírito que sangra entre as palavras, escritas, ditas.
Quem observa pode mudar o mundo?
A humanidade só se esforça a
mudar algo, substancialmente, quando está no limite do paradigma, só quando
esse paradigma de forma bastante fática e empírica se mostrar fracassado, ou
quando mexe com a possibilidade de inexistir em sua conformação (Marx/ Kuhn).
Reformas são maneiras de adaptar o paradigma, não são revolucionárias! O dogmático apenas pode mudar de dogma! O
novo sempre virá, mas só se o encara quando se está preparado para as dores da
perda do anterior e do ganho seguinte – o novo é sempre traumático, dolorido e
nos deixa nus. Nunca saberemos se acertaremos,
portanto, da mesma forma que garantimos o que está, podemos garantir o que virá!
– não tem diferença, mas por alguma razão somos levados a acreditar que o universo
está parado. O que muda, então, o que é do que será? A capacidade de nos
enganarem! Mas será que basta o poder para isto? Para nos garantir tal
quietude? Não há doutrina
dominante! Há poder dominante! Olhar é revolucionário, se ficarmos a olhar o
que está, é reacionário! Não existe poder de minoria (Arendt).
O conhecimento está em
movimento no ser-para-si que produz seu dasein,
esse ser-no-mundo, esse que aí está escravo do nada a não ser de poder
engajar-se! – engajar é conhecer que não há nada a priori, nada a conhecer do que está sendo feito por si mesmo nesse
dasein. Toda a vida é um quadro em
branco tão fantástico quanto as cores que as tintas de cada um pintam, para si (Heidegger). Toda a vida é uma obra única de arte. O beijo na mulher amada
tem que cor? O arco-íris nos dá a tela branca de novo, (e)ternamente!
(Republicado - 22/08/2013)
(Republicado - 22/08/2013)
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